A Nova Geração de Atletas

Quais desafios os treinadores normalmente enfrentam com as novas gerações?

Como trabalhar com essas novas gerações?

Ao longo dos anos podemos perceber diversas transformações sociais, culturais, econômicas, políticas, tecnológicas, entre outras, em todo o mundo, o que serve de parâmetro para caracterizar de modo geral cada geração de pessoas. Os baby boomers são as pessoas nascidas entre 1946 e 1960, enquanto a geração X envolve as pessoas nascidas entre 1960 e 1980. Nestas duas gerações se encontra o maior número de treinadores experientes em atividade. A geração Y ou millenials é composta por pessoas nascidas entre 1980 e 1995 e, no ambiente esportivo, é representada por muitos atletas mais experientes em atividade e treinadores em início ou na metade da carreira. A geração Z ou centennials contempla pessoas que nasceram entre 1995 e 2010, ou seja, contempla treinadores em início de carreira profissional, jovens atletas, além de crianças e adolescentes em fo0rmação. Por fim, a geração M ou alfa tem sido utilizada para se referir aos nascidos após 2010.

As gerações mais experientes, baby boomers, geração X e Y prezam muito por valores como estabilidade, equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho e a determinação. Enquanto as novas gerações (Z e M) são descritas como nativos digitais e que processam informações rapidamente. Provavelmente você já viu jovens e crianças conectados em dispositivos móveis por horas, em um mundo virtual que fornece informações, serviços e conteúdos diversos. O que facilita a vida de certo modo, ao utilizar os diferentes aplicativos e dispositivos disponíveis. Porém, a excessiva conectividade e acesso a informações pelas novas gerações pode gerar um enorme desafio aos treinadores, com períodos de atenção mais curtos dos praticantes, além da preocupação maior em atingir os objetivos em curto prazo e a falta de independência ou proatividade. Ao invés de se concentrarem para uma partida ou aproveitarem uma quadra ou outro espaço para treinar, os jovens podem preferir ficar com seus smartphones, jogos online e redes sociais. Mesmo atletas de outras gerações já necessitam fazer uma gestão de suas redes sociais com milhares ou milhões de seguidores.

Será que no futuro ganhar seguidores nas redes sociais pode ter a mesma importância ou ser mais importante para os atletas do que conquistar uma medalha ou vencer uma competição?

“Remar contra essa maré” tecnológica e as características das novas gerações podem dificultar ainda mais o trabalho de treinadores. Então, algumas reflexões que podem ajudar no processo de formação esportiva com essas gerações são:

1) Utilize a tecnologia a seu favor

O primeiro passo para trabalhar com as novas gerações pode ser entender quais são as suas preferências e utilizar como elementos positivos nos treinamentos e competições. Como exemplo, alguns aplicativos realizam avaliações instantâneas sobre o desempenho esportivo ou uma simples filmagem de uma parte do treino ou de um jogo pode servir para conversar com os atletas, não apenas sobre a parte tática ou técnica, mas para buscar a sua motivação. As conversas podem iniciar de forma online para facilitar a comunicação e posteriormente de modo presencial;

2) Estabeleça uma relação de confiança com os praticantes e construa um ambiente positivo

As crianças e jovens possuem dificuldades como qualquer pessoa. Assim, o esporte não precisa ser mais um ambiente negativo e desmotivador. Conversar ao invés de gritar/brigar e ser uma pessoa atenciosa e incentivadora pode aumentar a relação de confiança entre treinador e praticantes, além de promover um ambiente positivo para a motivação e participação efetiva de jovens no esporte;

3) Envolver os atletas na elaboração das metas e objetivos

Uma das características das recentes gerações é de querer saber o motivo de realizar cada treinamento e de certas estratégias nas competições. Então, construir junto com os praticantes sobre onde eles precisam “chegar” pode criar um senso de responsabilidade e de maior compreensão sobre como alcançar cada objetivo. Inclusive, os próprios praticantes podem pensar em atividades ou adaptações nos treinamentos, o que pode aumentar ainda mais o seu engajamento nas práticas.

Vale ressaltar que cada contexto, equipe e praticante possui características distintas e cabe aos treinadores perceberem, compreenderem, agirem e avaliarem cada etapa de formação no sentido de facilitar o aprendizado e a participação positiva das crianças e jovens no esporte. Além disso, nesse processo de desenvolvimento com as novas gerações, considerar as mudanças na sociedade e fomentar a novidade, criatividade, autonomia, valores e conectividade responsável pode ajudar treinadores e outros profissionais a enfrentarem os desafios com a nova geração e na construção de uma formação esportiva e cidadã.


Alexandre Tozetto

Equipe Life Skill Brasil