Já discutimos em textos anteriores postados aqui no blog sobre as habilidades para a vida e em que idades podemos começar a desenvolvê-las por meio do esporte, certo? Agora é a hora de refletirmos sobre as maneiras de integrá-las na condução de nossos treinos!
A maneira mais comum é por meio da abordagem implícita. Nesta, acredita-se que o desenvolvimento de habilidades para a vida acontece como consequência do envolvimento dos praticantes no ambiente esportivo. Ou seja, por meio das experiências positivas e negativas em treinos e competições, da relação com treinadores e colegas de equipe e das características específicas de cada modalidade.
Além disso, a abordagem implícita inclui as ações reativas. Assim, treinadores apenas falam de habilidades para a vida como resposta a algum comportamento inadequado. Por exemplo: Quando um atleta não está auxiliando os colegas de equipe, fala-se sobre trabalho em equipe. Quando um atleta está atrasado, fala-se sobre pontualidade. Quando um atleta desiste de uma jogada, fala-se sobre perseverança.
Apesar de os estudos demonstrarem que a abordagem implícita possibilita o desenvolvimento de habilidades para a vida, nos últimos anos têm-se destacado a importância da intencionalidade pedagógica de treinadores com relação a estes aspectos.
Neste sentido, a abordagem explícita propõe que para facilitar o processo de desenvolvimento de habilidades, é fundamental que treinadores integrem conversas e atividades em seus treinos que oportunizem a contextualização das habilidades para a vida com a modalidade praticada. Portanto, as atividades ministradas nos treinos não devem ter apenas objetivos técnico-táticos e físicos, mas também, objetivos voltados às habilidades para a vida!
Por exemplo, atividades de defesa no futebol podem ser contextualizadas com o trabalho em equipe. Atividades de bloqueio no voleibol podem ser contextualizadas com o foco ou a honestidade. Atividades de contra-ataque no handebol podem ser contextualizadas com a perseverança do defensor, e assim por diante. Em suma, acredita-se que o desenvolvimento de habilidades para a vida tende a ser mais efetivo quando integrado de maneira proativa nos treinos, sem aguardar com que alguma situação aconteça ao acaso e exija a intervenção do treinador como uma remediação.
No entanto, ambas as abordagens não devem ser vistas como antagônicas, ou seja, “ou uma, ou outra”. Elas devem ser vistas como complementares! Sendo assim, treinadores devem tirar o melhor de cada abordagem e integrá-las de maneira conjunta em seus treinos!
Vitor Ciampolini
Equipe Life Skill Brasil